segunda-feira, 27 de outubro de 2008

as sem-razões do amor.

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
E com amor não se paga.

Amor é dado de graça
É semeado no vento,
Na cachoeira, no eclipse.
Amor foge à dicionários
E a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
Não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

#10

Existem duas coisas que geralmente me ferram: a esperança e a expectativa.

Sim, podem ser parecidas, mas, ao menos para mim,não são iguais.
E eu consigo ter expecativas a todo momento. E sobre tudo.
É quase um dom. Um talento, talvez. Sei lá.

Mas sei que as minhas expectativas ultrapassam o que desejo. Em certo ponto elas começam a ter vida própria e eu simplesmente perco o controle sobre elas. Chegam a me assustar.
Minha esperança é diferente. Ela está sempre comigo, mas nao chega a me perseguir. Por mais que se diga que ela é 'a última que morre', ela acaba, às vezes. Só que ela não morre exatamente. Se esconde. E eu chego a fingir que não mais a tenho, mas sei que ela ainda se mantém em mim. Não adianta.

É, são bem parecidas mesmo. O problema da expectativa é que ela me consome. E tudo isso só para me decepcionar no final. Não é masoquismo, mas minhas decepções são sempre as mesmas. Já devia ter tentado parar de enganar a mim mesma. Todavia eu tento, incessantemente, nunca me dar por vencida por elas; e não desistir.
Às vezes é até bom ser um pouco esperançosa demais. Mas quanto às minhas expectativas, ah, essas eu não fazia tanta questão de ter.
Pelo menos não em tanta quantidade.