quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A Gaiola Dourada

Logo que acordou, procurou-o como sempre fazia. Percorreu a casa toda; nenhum sinal dele. Mais uma vez ele não estava lá. Um misto de alívio e alegria invadiu seu corpo.
Voltou para a sala e andou até a porta que dava para o jardim. A madeira trançava a porta formando vários quadrados de vidro, bem pequenos. Por alguns segundos, olhou as flores do lado de fora através de um dos quadradinhos, até que abriu a porta. Pôs um pé para fora, mas o encolheu rapidamente. O perfume das flores a deixou triste e com inveja. Algo a impedia de ir para o jardim, e ela sabia o que era. Fechou a porta novamente.
Nem a grandeza e a exuberância da casa eram capazes de preencher o deprimente vazio daquele lugar. O Silêncio a incomodava.
Olhou ao redor, procurando por seu novo amigo. Avistou-o no canto da parede, ao lado de um quadro de algum pintor famoso, provavelmente. Estava ciscando sementinhas de alpiste. Cada vez que ela se aproximava, era como se suas penas ficassem ainda mais amareladas, mais brilhantes.
Sentiu-se bem ao ver que fazia-o tão feliz. Ela gostava de conversar com ele, contar-lhe histórias. E a melodia de sua resposta preenchia cada cômodo, tentando fazer o lugar menos silencioso, mesmo sendo impossível. Mas ela o admirava por isso, por tentar.
Sabia que, por mais alegre que parecesse seu canto, ele não estava feliz. E isso a confortava, pois isso eles tinham em comum. Afinal, ele estava condenado àquela gaiola, assim como ela estava condenada àquela enorme casa vazia e solitária.
Seus olhos se voltaram para o quadro ao lado da gaiola e pararam lá, observando a paisagem pintada. Imaginou-se em meio àquela plantação de trigo, sentindo o cheiro dos ciprestes enquanto o vento beijava seu rosto.
Começou a reparar em sua moldura, grossa e marrom, e a odiou como se ela fosse a culpada por não poder estar no quadro.
Olhou para a porta do jardim e a odiou também. Agora, aqueles quadradinhos haviam se tornado uma grade, que a mantinha sufocada naquele lugar desprezível.
Voltou-se para o pintassilgo na gaiola, e ficou a fitá-lo, refletindo. Finalmente, abriu a portinha dourada e segurou o pássaro em suas mãos. Foi até a porta do jardim, abriu-a e estendeu os braços, fechando os olhos.
E então, pôde sentir o peso ir embora. O pequeno peso em suas mãos, e o grande peso em seu coração. Decidiu dar a seu amigo a única coisa que nunca poderia ter. Liberdade.

(escrito em 15 de abril de 2008)

6 comentários:

Anônimo disse...

Lindo a história *.*

Meu pai devia fazer a mesma
coisa e liberta os passaros aki d casa u.u

Anônimo disse...

Oloko velhoo. que textooo... forte!

Lívia disse...

Que. Maravilhoso. .__. TRiste, mas maravilhoso. Eu consegui visualizar cada detalhe - aliás, a foto qeu você colocou junto é linda.

"Sabia que, por mais alegre que parecesse seu canto, ele não estava feliz. E isso a confortava, pois isso eles tinham em comum."

Nossa, consegui sentir toda... dor? Não, não é bem essa a palavra. Mas é como se ela estivesse sufocada. Foi o que eu senti.

Muito, muito belo. (:

Anônimo disse...

Não li pq to com preguiça e tem o nome "gaiola" e eu nao gosto dele u_u

Mas eu te amo, B.. serve? *-*

Ahh serve sim, RERE

posso ir?
*_____*

fui o/

Anônimo disse...

Que lindo! Vocês escrevem e tal? Ahcie maravilhoso.

Tá, agora respondendo à sua pergunta... Eu gostei de New Moon - mas eu queria mais Edward! E já li Eclipse também, gostei. Comecei Breaking Dawn ontem. (:

Beijo!

Anônimo disse...

Iae big barbara!
Fico feliz que voce finalmente seguiu o blog way ja que eu sempre falava pra voce fazer isso :D
você escreve muito bem gostei do post (sim eu li inteiro :D )

saudades viu!
beeijos